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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


Se já é horrível acordar com aquele gosto ruim na boca, pior ainda é ter mau hálito crônico. Pesquisas recentes indicam que 30% da população brasileira - aproximadamente 50 milhões de pessoas - sofrem de halitose.


Se essa porcentagem já preocupa, a coisa piora entre aqueles que têm mais de 65 anos: o mal atinge quase 70% deles.

Essa diferença acontece por um fator básico: na terceira idade, a queda na produção da saliva é mais comum. "Quanto mais idoso o paciente, menos saliva ele produz. Quando isso acontece, as células mortas se acumulam mais facilmente na boca, resultando na halitose", afirma o cirurgião-dentista Arany Tunes.

O especialista explica que uma das funções da saliva é remover as células mortas que descamam da boca e trazem mau odor quando são acumuladas. Ou seja, quanto menos saliva, mais chances de se ter mau hálito.

E por que os idosos produzem menos saliva? Dentre as causas mais comuns está o uso de medicamentos com frequência. "Esses pacientes tomam muitos remédios. Talvez o mais usado seja aquele para pressão arterial, que tem como efeito colateral a diminuição de saliva", diz Arany. "Às vezes, o paciente já passou por vários tratamentos com medicações, o que resultou num acúmulo de efeitos colaterais", completa.

Outra razão pode ser a dificuldade que os mais velhos têm na hora de higienizar a boca. Com as funções motoras um pouco comprometidas, alguns não conseguem escovar os dentes da maneira correta. O resultado são males como a gengivite, que provoca sangramentos. Caso o sangue permaneça por certo tempo na boca, pode provocar o cheiro ruim.

No entanto, existem mais de 60 fatores que podem ser responsáveis pelo mau hálito. Embora o mais frequente seja produção de saliva, prisão de ventre, doenças na gengiva e doenças graves como leucemia, diabetes, câncer de estômago e até sífilis podem estar por trás do cheiro ruim na boca. Portanto, o ideal é procurar ajuda profissional assim que perceber a halitose.

"Já diagnostiquei casos de diabetes no consultório, através do hálito do paciente. O odor de um diabético é diferente de todos os outros", fala o cirurgião-dentista. Ele afirma que há vários cheiros e cada um está relacionado a uma causa específica.

Mas cuidado para não confundir as coisas. Procurar um profissional capacitado não significa se consultar com um gastroenterologista nem um otorrinolaringologista. Quem cuida da saúde bucal é o dentista. E, como ensina Arany, "existe tratamento especializado para o mau hálito. 70% dos meus pacientes não sabiam disso, e, antes de chegar ao meu consultório, já haviam tentado tratar o mal de forma inadequada."

Porém, no geral, quem tem mau hálito não percebe isso. Então, é importante que familiares e amigos alertem sobre o problema. Claro que não é fácil - e pode ser bem embaraçoso - falar para alguém que ele ou ela tem um cheiro ruim na boca. Mas é melhor contar logo que deixar essa pessoa ser prejudicada na saúde, vida social e até no trabalho. A dica é ser delicado e discreto. Chame a pessoa num canto, e diga que tem percebido mudanças no hálito dela, que viu uma matéria sobre isso em algum lugar.

Segundo o especialista, a cada 10 pacientes que o procuram, nove foram avisados por pessoas próximas sobre o mau hálito. "E eles são gratos a quem se queixou e comentou com eles a respeito da halitose, pois assim puderam buscar tratamento". E a gratidão não é à toa, já que "a halitose não é uma doença, mas um importante ‘sinal’ que o nosso organismo emite para alertar que algo está errado. E esse ‘sinal’ deve ser investigado. O objetivo é descobrir a causa do mau hálito, que deve ser tratada, para eliminar assim todo o problema", diz o cirurgião-dentista.

Assim, quanto mais cedo for o diagnóstico, mais cedo virá o tratamento, que pode exigir medicação e mudança de alguns hábitos. Toda a população deve estar atenta ao mau hálito, especialmente os idosos. Afinal, não vale a pena sofrer com um problema que tem tratamento e, muitas vezes, é facilmente corrigido depois de algumas visitas a um especialista.

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